Sem Motivos

Jornalista Oswaldo Eustáquio fala após sair da prisão: "Não sei do que fui acusado"

O jornalista Oswaldo Eustáquio afirmou que ainda não sabe o motivo pelo qual foi preso, já que, segundo ele, seus advogados ainda não tiveram acesso aos autos.

Eustáquio foi detido no dia 26 de junho, na Operação Lume, da Polícia Federal, que apura o envolvimento de pessoas em atos contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Eu ainda não sei do que fui acusado. Os meus advogados não tiveram acesso à totalidade dos autos. Fui ouvido em depoimento, fizeram busca e apreensão no hotel onde eu estava e na minha casa, pegaram o celular da minha esposa e dos meus filhos. Levaram todos os aparelhos eletrônicos, notebooks, documentos, quebraram meu sigilo bancário e, depois de dez dias de prisão temporária, não conseguiram identificar nenhum indício de crime”, disse.

O jornalista também afirmou que o próprio delegado da Polícia Federal, que ouviu seu depoimento, também não sabia por quais motivos Eustáquio estava sendo acusado.

“No inquérito que eu fui ouvido na Polícia Federal, o delegado me falou sobre eventos antidemocráticos. Eu perguntei o que seriam esses eventos e ele não soube responder”, relatou.

O profissional de imprensa denunciou que está sendo julgado em um “estado de exceção” pelo STF e que a Suprema Corte está violando seus direitos, como o sigilo da fonte, por exemplo.

“Quando fazem busca e apreensão do meu celular, não vão encontrar nada porque todos sabem da integridade do meu trabalho, mas estão ouvindo tudo o que eu falei com minhas fontes, estão quebrando algo histórico. Nunca na história da nova democracia houve um vilipêndio do sigilo da fonte”, protestou.

Eustáquio disse que se sente censurado após a decisão do ministro Alexandre de Moraes de soltá-lo, mas proibir que ele faça uso de qualquer rede social.

“Eu saí da cadeia, mas o ministro Alexandre de Moraes (relator do processo) me deu uma cautelar proibindo de utilizar qualquer rede social. As minhas redes sociais são um meio de comunicação. Estou com uma mordaça na minha boca. Os meus advogados tentarão vencer essas restrições. Não teve processo em primeira ou segunda instância, foi direto para a Suprema Corte. Pegaram meu celular, meus computadores, tiraram tudo de mim. A única coisa que eu tenho é a minha voz e a minha voz eles não vão poder calar”, completou.