Declaração

“No Brasil, só tem um jeito de salvar a democracia, é tirar Bolsonaro``, declarou a ex-presidente Dilma Rousseff

Na entrevista, concedida ao jornal El País a ex-presidente Dilma Rousseff (PT),  “sonho de consumo” da cúpula do Governo Jair Bolsonaro é a imposição de um “autoritarismo mais grave que o visto na ditadura militar”. “Um quadro marcadamente fascista e miliciano”,  afirmou nesta manhã. A conversa é parte da série multiplataforma realizada pelo jornal, que discute com protagonistas da vida política e cultural brasileira o atual cenário do país.

Rousseff afirma que:

“há um quadro de intervenção militar dentro do Governo“. “Nunca, nem durante o período da ditadura, as Forças Armadas estiveram tão presentes dentro da máquina pública do Estado. As Forças Armadas ocupam no Executivo, através de uma presença maciça, um papel estratégico porque parece que funcionam como um substituto à inexistência de um partido político que dá sustentação a Bolsonaro e lhes forneceria os quadros dirigentes. Chegamos ao ponto de, na maior pandemia dos últimos séculos, o Ministério da Saúde ser ocupado por um general”, continuou.

Dilma fala também da formação de uma possível frente de oposição a Bolsonaro e de manifestos pela democracia, que até o momento não receberam a adesão do Partido dos Trabalhadores. “Uma frente democrática tem ser daqueles que sabem que o Bolsonaro tem que sair”, diz ela. “No Brasil, só tem um jeito de salvar a democracia: é tirar o Bolsonaro”. Para ela, entretanto, será difícil, sem movimentação social, que o presidente saia do Governo neste momento. “Movimentações de rua não são viáveis neste quadro de pandemia. Temos que construir as condições para tirar o Bolsonaro.”

A ex-presidenta também afirmou que o ex-presidente Lula já afirmou que não quer mais ser candidato. “Acho que ele continua sendo a liderança mais expressiva no campo popular dentre todos os possíveis candidatos”. Mas ela afirma que o candidato do partido será alguém do mesmo campo. “O Lula já falou no [ex-prefeito de São Paulo] Fernando Haddad e no [governador do Maranhão] Flávio Dino [PcdoB]”, ressaltou ela.