Artigo

Moro e sua artilharia pesada contra Bolsonaro em tempos de Covid-19

Às vezes ocorre de alguém muito inteligente que ocupar uma função muito importante se julgar sob ameaça de um chefe. A maioria de nós acha que essa pessoa sob só tem duas opções. Ele pode demitir-se, mas escolher não dizer nada que ameace a paz. No máximo, conversa sobre suas razões com gente que lhe é chegada.

Num segundo caso, a pessoa usa a garganta para fazer o mundo saber o quanto foi injustiçado. Pessoalmente creio que, neste momento do país, poucos atinaram que existe pelo menos uma terceira forma de agir.

A saída de Sérgio Moro do governo não poderia se dar num momento pior. E eu gostaria de falar sobre a questão. Meus olhos não se voltarão, por hora, para avaliar os erros e acertos de Bolsonaro. Hoje quero falar sobre o ex-ministro.

Não houve discurso emocionado de um coração rancoroso que decidiu acusar o presidente numa coletiva de imprensa. Sabia-se da grandeza de Sérgio Moro no trato com a corrupção. Conhecia-se o poder de sua resistência, inclusive um exemplo dela foi sua sobrevivência política sob a pressão avassaladora de boa parte da esquerda nacional e internacional.

O que precipitou a decisão do juiz não foi mágoa de Bolsonaro. Não foi, também, pura indignação contra os alegados crimes. A meu ver, foi algo mais profundo e perigoso.

Imagino o ministro em conversas com gente tão, ou mais inteligente que ele, no Congresso Nacional. Imagino o peso das promessas que lhe foram feitas e o quanto seu ego foi louvado em tais reuniões. Existe uma malícia quase inimaginável nos lábios de gente que sabe adular e que tem paciência para, no jogo de xadrez político, conseguir o que quer.

Julgo que a discrição e a famosa integridade de Moro foram alvejadas. E talvez pelo extremismo na vaidade de achar que será o próximo presidente do Brasil, ele mirou em Bolsonaro, e atirou para matar.

Uma pena. Não existe ética que justifique a forma como Moro saiu do governo. Muitos, naquela coletiva de imprensa, viram um juiz creditando crimes ao chefe da nação. O que particularmente vi foi um oportunismo calculado às minúcias para o tempo, o modo e alvo por demais específicos.

Moro, certo ou errado quanto às acusações contra Bolsonaro, saiu do ministério sem a postura republicana da qual gozava. Saiu como um tipo mesquinho que chama para si uma excelência moral já ausente.

Sergio Moro poderia ter feito todas as denúncias que quisesse. Não era necessário usar para tal o momento mais difícil que o Brasil passa. Mas o ex-juiz aproveitou a onda de desespero, mortes e incertezas econômicas trazidas pela Covid-19 para centuplicar o efeito destrutivo de cada palavra mencionada contra Bolsonaro. Foi um calculismo cruel e oportunista por demais.

Moro vendeu-se, e nos bastarão poucos dias adiante para conhecermos aqueles que o pagaram. Espero ver os rostos de sempre. Acho que não me surpreenderei.

Quanto ao presidente, o mínimo que se espera é que prove inocência em tudo que lhe foi atribuído por Sérgio Moro. Certamente serão realizadas investigações sobre os fatos.

Espero que, na conclusão de tudo, Bolsonaro justifique a esperança que o país depositou nele ao elegê-lo presidente. Mas caso tenha que responder à Justiça por algo, também espero que o presidente assim o faça.