Após ministro dizer que testa remédio com 94% de eficácia, Ivermectina é estudada na luta ao Covid-19
Pesquisadores usaram o medicamento em células infectadas, que apresentaram 93% de redução da carga viral em 24 horas, atingindo o percentual de 99,9% em 48 horas.
Por Portal de Prefeitura - Publicado em
16 abr de 2020, às 13:38
- Atualizado em 16 abr de 2020, às 13:54
Ivermectina é nova aposta de tratamento contra a COVID-19. Foto: Montagem/Portal de Prefeitura
Após o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, informar na quarta-feira (15) que foram realizados testes com 2 mil medicamentos que já são comercializados em farmácias para verificar se existe algum capaz de se ligar ao vírus e de bloquear a replicação viral, um em específico, apresentou ser mais promissor com 94% de eficácia em ensaios com as células infectadas, vazou de forma extra-oficial que a Ivermectina pode ser esse remédio, pois, possui atividade antiviral, em teste in vitro, contra o vírus causador da COVID-19 (SARS-CoV-2), em estudo feito por pesquisadores da Universidade de Monash, na Austrália, identificou o bom desempenho de mais um medicamento já existente no combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-2), conforme publicação realizada na revista Antiviral Research.
De acordo com o ministro Marcos Pontes, os testes serão feitos em 500 pacientes internados com covid-19, em sete hospitais do país: cinco no Rio de Janeiro, um em São Paulo e um em Brasília.
O nome do medicamento, porém, só será divulgado oficialmente após o fim do protocolo de pesquisa clínica, até que seja demonstrada a sua eficácia e segurança em pacientes, “para evitar uma correria em torno do medicamento”. Mas, de acordo com Pontes, é um remédio de baixo custo, bem tolerado e disponível inclusive em formulações pediátricas. “Por que isso é importante? Ele tem uma vantagem muito grande, tem pouco efeito colateral e pode ser empregado numa grande faixa da população”, explicou.
Ivermectina é nova aposta de tratamento contra a COVID-19. Foto: Divulgação
Normalmente utilizada para tratar piolhos e pulgas, a Ivermectina foi aplicada em testes de laboratório para reduzir o crescimento do vírus. Os pesquisadores usaram o medicamento em células infectadas, que apresentaram 93% de redução da carga viral em 24 horas, atingindo o percentual de 99,9% em 48 horas.
“Nós descobrimos que mesmo uma dose única pode essencialmente remover todo o RNA viral em 48 horas e que mesmo em 24 horas há uma redução significativa”, contou Kylie Wagstaff, doutora responsável por liderar o estudo.
Ainda que os resultados obtidos sejam satisfatórios, os cientistas não recomendam que a automedicação com Ivermectina seja realizada, já que ainda não foram feitos testes em pessoas contaminadas com a COVID-19.
Em estudos realizados anteriormente, a ivermectina também se mostrou capaz de combater outros vírus, como o da dengue. Porém, testes clínicos feitos na Tailândia em pacientes contaminados pelo mosquito Aedes aegypti não obtiveram resultados positivos.
Os cientistas esperam que novas pesquisas sejam realizadas com o medicamento, para que então o teste em seres humanos possa ser iniciado, identificando se a ivermectina possui o mesmo efeito benéfico no corpo humano.
Em artigo publicado na revista Antiviral Research eles explicaram “Para testar a atividade antiviral da ivermectina em relação à SARS-CoV-2, infectamos as células e em seguida adicionamos a ivermectina. O sobrenadante e os grânulos de células foram colhidos nos dias 0-3 e analisados quanto à replicação do RNA do novo coronavírus. Às 24 horas, houve uma redução de 93% no RNA viral presente no sobrenadante (indicativo de virions liberados) de amostras tratadas com ivermectina”.
Para os pesquisadores o resultado dos testes levanta a possibilidade de a Ivermectina ser um antiviral útil para combater o novo coronavírus e que nova testes devem ser realizados para que seja avaliada a sua eficácia em um ambiente clínico.
Tratamento de coronavírus
O surgimento do novo coronavírus causou grande impacto na comunidade científica. Logo, os médicos e pesquisadores de saúde começaram uma corrida para identificar as características do vírus e desenvolver um tratamento efetivo contra os efeitos da COVID-19.
Aliada à criação de uma vacina, a medicina batalha para descobrir qual é o melhor procedimento para acabar com a doença. Até o momento, estudos têm apostado em alguns medicamentos já existentes, que foram utilizados para combater outros vírus, como o da Ebola, HIV e malária.
Um dos casos que mais chamou a atenção da comunidade médica, por enquanto, está relacionado ao uso da cloroquina. Estudos clínicos sugerem que ela reduz a replicação do vírus SARS-CoV-2 no organismo do paciente, porém sua utilização ainda está restrita aos casos mais graves de COVID-19.
Cuidados no uso da Ivermectina
A Ivermectina é contraindicada para uso por pacientes com meningite ou outras afecções do Sistema Nervoso Central que possam afetar a barreira hematoencefálica, devido aos seus efeitos nos receptores GABA-érgicos do cérebro.
Durante o tratamento com Ivermectina podem ocorrer reações como diarreia, náusea, astenia, dor abdominal, anorexia, constipação e vômitos.
Algumas reações relacionadas ao sistema Nervoso Central como tontura, sonolência, vertigem e tremor tambem podem ocorrer. Entre as epidérmicas foram relatados prurido, erupções e urticária
Sobre a Ivermectina
Ivermectina é uma droga antiparasita de amplo espectro, tradicionalmente utilizada no combate a verminoses. Em seres humanos é utilizada no tratamento da Oncocercose, Filariose, Ascaridíase, Escabiose, Pediculose e atualmente estão em pesquisa novas indicações. Na Medicina Veterinária ela é utilizada no tratamento de sarna sarcóptica, sarna demodécica, sarna otodécica, verminoses gastrointestinais e vermes do coração.
Este medicamento geralmente é absorvido por via oral e atua nos nervos e células do parasita. Nos últimos anos, assim como outros agentes antiparasitário, a ivermectina demonstrou ter atividade antiviral in vitro.