ARTIGO

Arte: genialidade construtiva X talento destrutivo

Foto: Reprodução/Internet

Simplesmente amo cães. Na minha opinião eles são criaturas que mais facilmente transmitem ideias como pureza, inocência e doçura.

Há alguns dias comecei a ver imagens desses animais dentro do contexto natalino. Uma de minhas favoritas imita um presépio. Há gatos, mas são os cachorros que estão, literalmente, simbolizando Maria, José e o bebê Jesus.

Foto: Reprodução/Instagram

Por que este tipo de construção artística não levanta hashtags iradas por parte dos internautas? Qual será a razão pela qual pastores, padres, bispos e religiosos em geral não se ofendem? Não estariam os fotógrafos comparando a Sagrada Família a cachorros?

Arte não é, primariamente, o que se diz. É o que você quer dizer. Afinal, arte é uma forma de comunicação

A genialidade artística acontece quando uma representação se torna de apreensão quase universal. É por causa disso que será difícil para você ver gente ofendida com imagens como a que acabei de mostrar cima.

O “presépio canino”, apesar de canino, relaciona humor, pureza e certo tipo de beleza ao advento do Natal. Agora, que tal compararmos uma imagem dos principais ícones do cristianismo mostrados como animais irracionais, com uma outra narrativa que mostra um Jesus gay, com uma Maria usuária de maconha e um José revoltado por sua esposa tê-lo “traido” com Deus Pai?

Há diferença entre o “Jesus canino e com família canina” e o “Cristo gay com mãe maconheira”, do ponto de vista comunicativo da arte? Eu penso que sim. No caso da conhecida peça teatral existe um discurso grotesco.

Infelizmente boa parte do Brasil está contaminada com um tipo de raciocínio em que, o que vale, é a truculência. Praticamente tudo parece que pode (e parece que deve) ser contestado com a hostilidade mais explícita e chocante possível.

Caríssimos valores são ofendidos e o lado ofendido se cala porque foi domesticado pelo temor do grito alheio. Não defendemos mais a Verdade e a Lógica porque nosso medo é mais forte que tudo. Um medo aprendido.

Não tenho vínculos político-partidários e não sou de participar de manifestações de rua pelo que quer que seja. Não critico quem seja diferente de mim. Mas o que quero dizer é que esse nosso pudor adquirido não tem que ser vencido apenas diante de grandes plateias.

Se cada um de nós nos dispusermos a defender o que acreditamos no meio da vida diária, o Brasil de 2020 será absolutamente distinto. Creio que, especialmente no que concerne a valores como Deus, pátria família e arte, temos que saber como defender o que cremos.

Não acho que a Coragem é apenas o oposto do Medo. Penso que ela é irmã gêmea da Sabedoria, cuja irmã menor é a Inteligência. Eu sonho em testemunhar uma geração que corajosamente desafiará o Medo ao mesmo tempo em que levará uma vida absolutamente comum.

Eu me imagino vivendo num tempo que não será perfeito deste lado do céu. Todavia, nele, pessoas de bem rirão das absurdas ofensas do Medo. Não teremos vergonha de defender a Verdade que acreditamos. Ainda que o outro lado tente nos ridicularizar, isso não nos enfraquecerá como povo.

Eu acredito nesse tipo de impossível. E se você, leitor, também acredita, faça comigo um propósito para o ano novo. Não importa o tom altissonante do escárnio dos que querem nos constranger. Vamos agir com mais integridade quanto aos valores que escolhemos para viver.

A democracia tem uma beleza ímpar, mas não é algo estático e acabado. A cada geração ela precisa ser defendida. E se no próximo Natal houver mais “presépios de pets” do que “peças teatrais que zombam audaciosamente de Cristo”, saberemos que, como cidadãos, fizemos nosso melhor na defesa do estado democratico brasileiro.