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Enem, o teste psicotécnico que deu certo do jeito errado

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Tive o privilégio de educar jovens e adultos durante nove anos de minha vida. Preparar um considerável número dessas pessoas para fazer provas como as do Enem era frequente para mim. E por força do antigo hábito profissional passei a observar melhor algumas especificidades envolvendo o perfil de quem passa no vestibular.

A maioria da população só vislumbra esse tipo de exame escolar do ponto de vista dos acessos acadêmicos que ele proporciona. Acredito que esta é apenas uma das possibilidades do Enem. Uma outra, bem importante, foi a instrumentação dele para servir a um certo viés ideológico.

Talvez voce já tenha começado a achar que esse texto vai fazer “chover no molhado”. Mas vou abordar o assunto num contexto, digamos, menos explorado. Sempre foi visível no Enem o uso frequente de temas caros à ideologia dita “progressista”. Mas não abordarei essa obviedade aqui.

Por que as faculdades federais são compostas de uma maioria de alunos militantes do PT e partidos afins? Qual será o motivo de tantos estudantes serem tão facilmente capturados por um encantamento quase religioso por ícones socialistas e comunistas?

Não há uma resposta última que apreenda todos as razões possíveis dessa realidade. No entanto, quero falar sobre um dos motivos que acredito reger o cerne da questão.

Provas como as do Enem há muito tempo deixaram de ser estritamente conteudistas. Reformulações aconteceram. Esse tipo de avaliação deixou de centrar-se no domínio de matérias para tornar-se ferramenta de avaliação do entendimento que um aluno tem do que lhe foi repassado na escola.

O novo vestibular passou a ser regido por certa subjetividade na cobrança apresentada aos estudantes. Há quem diga que essa modernização faz juz à época em que vivemos e a estudos de teóricos importantes na área da educação.

Nosso artigo não deseja problematizar a evolução trazida pelo novo tipo de aplicação dessa prova. O que nos importa refletir é sobre a maneira como tal modernidade serviu aos propósitos de uma ideologia política específica.

Através de um teste psicotécnico é possível avaliar e até escolher um perfil de candidato a alguma oportunidade proposta. O Enem, de maneira semelhante, virou ferramenta para algo maior que “fazer a cabeça” de gente interessada em ingressar num curso superior. Ele foi usado para escolher perfis semelhantes de indivíduos. E mais: o exame nacional do ensino médio inseriu tais perfis nas universidades públicas brasileiras.

Não queremos aqui ofender o esforço e a inteligência de quem passou no vestibular de uma universidade pública por mérito. Nosso foco aqui é a formatação política inserida de má- fé na vida escolar de jovens brasileiros.

A título de exemplo, o esquerdismo lutou muito para monopolizar a cultura de nosso país. Quando viu que era possível, também voltou os olhos para o sonho de interferir no mundo acadêmico.

A esquerda sempre lutou pelo monopólio do pensamento aonde quer que fosse possível. Tal realidade não é um fenômeno que cresceu organicamente. Existe até mesmo um pensador que organizou essa intenção em estratégias bem específicas. Ele se chama Gramsci.

A indisfarçável inserção de um viés político-ideológico na faculdade pública brasileira objetiva o acesso perene dele ao poder. O idealismo próprio da juventude tem sido maliciosamente utilizado pela lógica socialista e comunista. E estas teorias ensinam a toda uma geração que só o ódio trará um idílico mundo melhor.

Muitos de nossos filmes, músicas e peças teatrais denigrem frontalmente símbolo caros à religião e aos conceitos morais tradicionais. Esta é uma geração que choca.

Tem-se a impressão de que não existe mais poesia, criatividade ou genialidade nos manifestos de contestação país afora. Nossos jovens, artistas e músicos (entre outros segmentos) só sabe se manifestar usando a hostilidade crua.

O tema é discordar do conceito tradicional de família? Tire a roupa ou simule um ato libidinoso em público. Quer ressaltar a importância de direitos dos homossexuais? Chame um amigo gay, entre num evento evangélico e escandalize os presentes. Dê um longo beijo na boca naquela pessoa que foi até o local com você. Quer simbolizar seu apreço pelo direito de ter crenças diferentes das defendidas por algum governante ? Invada algum logradouro público e o destrua.

A democracia brasileira deu à esquerda a oportunidade de se estabelecer no governo federal por um tempo considerável. Mas parece que nenhum resultado de eleição convence os simpatizantes desta ideologia política a se afastar do poder.

Manipular a juventude de toda uma nação para criar militantes com curso superior é, no mínimo, criminoso. Faz-se necessário treinar o olhar para ver o que existe abaixo da superfície das intenções de quem comete tal crime.

É preciso que verdadeiramente nos conscientizemos da existência do uso perverso de oportunidades legítimas para violar a consciência de nossos jovens. Tal conhecimento não nos servirá apenas de proteção. Isto nos capacitará também a usar a verdade como arma, como escudo e como instrumento de libertação para muitos que estão ao alcance de nossa influência.